segunda-feira, 23 de abril de 2018

Crianças na Política

Crianças na política

Bom, já que estamos no clima de política (e quando não estamos?) aqui no Brasil, fiquei pensando em como abordar qualquer tipo de tema aqui, sem ser muito chato. Levando em consideração o fato de o meu pai ser um cronista renomado e mundialmente reconhecido, aquele tipo que mal consegue sair na rua pra comprar um pão sem ser abordado por milhões de papparazzi em volta da sua mansão de 76 milhões de reais na Inglaterra, decidi pegar de referência uma de suas crônicas mais famosas, tantas vezes elogiada pelo New York Times cada vez que ganha um dos prêmios com mais magnitude já imaginados... 



(mentira, meu pai é jornalista...)


Eu não lembro muito bem o título da crônica, mas falava sobre governo, e eu tinha 8 anos nesta época. Era 2014, domingão chato, até que eu lembrei que estava tanto esperando esse dia, o tão idolatrado dia da votação, desde o dia em que eu descobri o que era carteira, e que a gente morre velhinho, levantei da cama, fui até o banheiro, subi no banquinho vermelho e tirei as ramelas do olho. Assim que percebi que meu pai estava dormindo ainda, decidi acordá-lo com pulos na cama, e falando que iríamos votar naquele dia. Depois do almoço fomos até uma escola perto da casa dele de bicicleta, tivemos que estacionar as bikes no parque e caminhar uns 10 minutos dalí, enquanto isso, na mais oportuna das oportunidades soltei essa: "E se a cada 4 anos, um deus de cada religião governasse o mundo?" e discutimos isso até chegar na escola, mas imagine o quão menos burocrático seria, o quanto menos de roubo e lavagem de dinheiro não teríamos que aguentar, os seguidores daquela religião seriam o governo mundial, e o resto do mundo seria a população mundial, existiria um único tipo de moeda para todo o mundo, e  as ideologias do governo seriam baseadas nas ideologias da religião, e ninguém teria do que reclamar, pois a cada quatro anos cada religião tomaria o poder.“Ah, mas e os ateus?” bom, os ateus governariam também, porém tomando respectivas mudanças de cada religião, afinal o mundo em que estou falando é baseado nisso, e isso não é porque os ateus são melhores ou piores que qualquer outra religião, estou falando de uma utopia louca onde tudo são flores, passarinhos te acordando com sol na sua cara e um cachorro te lambendo, até o momento que você percebe que as flores são folhas do saco de lixo que você estava usando de travesseiro que rasgou, os passarinhos são os morcegos do beco que você está, e o cachorro te lambendo é o vira-lata sarnento manco que você ficou com pena de deixar abandonado na rua, e o sol na cara é o sol na cara mesmo.Então finalmente chegamos na escola, tudo isso, os últimos 4 anos se basearam nisto, o mais aclamado momento de espera, aquele que toda criança espera, é quando seu pai te levanta no colo pois a urna é muito alta, e pede pra você votar em branco, quando te passa na cabeça pra digitar “666” e votar no Garotinho, mas você ama seu pai, e faz o que ele pede, menos quando não tem sorvete no final. Bom, depois daquele momento a vida não tem mais sentido, perco qualquer motivo para ser feliz, ainda mais descobrindo que depois de alguns meses daquele dia tão feliz, meu único motivo para ainda me manter de pé, o Brasil perde de 7 pra Alemanha, e no dia seguinte vou na Maria Gasolina tomar açaí com o meu pai, e o jornal me dá o que eu mais quero no mundo, um espaço para rabiscar e injetar toda a minha raiva naquele espaço em forma de caneta azul.